24 de dez. de 2013

UM OLHAR DE ARTE SOBRE O NATAL

 

Todo o mundo cristão celebra por esta altura o nascimento de Jesus, não obstante desconhecerem-se quaisquer referências históricas ou bíblicas que mencionem a data em que tal acontecimento se verificou. Por conseguinte, o Natal é festejado em 25 de Dezembro ou 7 de Janeiro de acordo com as tradições católicas ou ortodoxas, em virtude da adoção dos calendários Juliano ou Gregoriano. Não por acaso é nesta ocasião que ocorre o Solstício do Inverno ou nascimento do Sol, precisamente a altura em que os raios solares deixam de decrescer e passam a aumentar, fazendo com que os dias voltem a crescer em relação às noites.
 
“IN THE DARK” gravura de um minotauro cego conduzido por uma menina na noite do solstício de inverno - Pablo Picasso.


O Solstício de Inverno, “Natalis Invicti Solis”, ou” Dies natalis Solis Invicti” que significa "o nascimento do Sol Invicto" foi adotado e adaptado pela Igreja Católica no terceiro século d.C. Alguns escritores cristãos ligavam Jesus ao Deus Sol, uma vez que em Malaquias 4:02 Jesus é chamado de “Sol Lustitiae” (Sol da Justiça). A igreja então tomou para si a tradição dos festejos politeístas, o que facilitaria a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano ao Cristianismo, passando a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré na data de 25 de Dezembro.
  
DÜRER Albrecht, 1471-1528 (Germany) Title: Die Sonne der Gerechtigkeit (Sol iustitiae) Date: cerca de 1499.
 
 
Mosaico: Christ, represented as Sol Invictus. 3rd/4th c. AD. Vatican necropolis under St. Peter's Basilica, Mausoleum M.

 
Porém nem todas as denominações cristãs concordam no que se refere ao dia a ser comemorado. Nos países eslavos e ortodoxos cujos calendários eram baseados no calendário Juliano, o Natal é comemorado no dia 7 de Janeiro. Ao povo eslavo pertencem os sérvios, que ainda hoje mantêm seus próprios costumes no que diz respeito ao Natal. De manhã bem cedo na véspera do Natal o chefe da família deve ir à floresta cortar o “Badnjak”, um jovem carvalho, que deve então ser levado a uma igreja para ser abençoado por um padre ortodoxo, depois deve ser desgalhado e seus galhos junto com trigo e outros grãos devem ser queimados na lareira. A queima do “Badnjak” é um ritual de origem pagão e é considerado um sacrifício ao Deus Sol de forma que o Ano Novo seja repleto de comida, felicidade, amor, sorte e riquezas.
 
                                          Badnjak Celebration
 
 
Christmas celebration, Serbia.
  
 Sol, estrela branca que atua como centro do nosso sistema solar em torno da qual giram incessantemente todos os componentes do sistema solar, incluindo oito planetas e seus satélites, planetas anões, asteróides, cometas e poeira espacial, assim sendo, portanto não é de se admirar a constatação de que o sol era e continua sendo adorado por muitas civilizações, sendo fonte de inspiração e devoção.
 
Sun at Stonehenge.
 
Podemos citar o Deus Rá (considerado a principal divindade da mitologia egípcia, conhecido como o Deus Sol, devido à importância da luz para a produção dos alimentos), os Deuses Apolo e Helios (Roma e Grécia antigas, Helios o outro lado de Apolo, responsável por fornecer a luz do céu para a Terra), Deus Mitra (Deus do Sol na mitologia Persa, representa a luz,o bem e a libertação da matéria.), Deus Huitzilopochtli, (Deus do Sol que afasta a escuridão terrestre com a sua luz, Império Asteca), Deus Inti (Deus Sol do povo Inca, que se autodenominavam filhos do Sol), Deus Surya (Deus Hindu ligado ao Sol, que mantêm o equilíbrio da Terra), Deus Kinich-Ahau (Deus Sol adorado pelos Maias, seu nome significa “rosto do Sol”, representando o dia, o vigor e o fogo.) Na religião Xintoista (Japão) cultua-se o Sol na figura de Amaterasu, a deusa do Sol. O Japão é conhecido até hoje como "País do Sol Nascente".
 
Deus Rá.
 
 
Detail of the Roman mosaic representing  Sun God suroundet by  the signs of the zodiac

                                                Deus Mitra.
 
Huitzilopochtli.
 
 
 
Deus Inti.
 
 
 
Deus Surya.
 
 
Kinich Ahau
 
 
  Amaterasu.
 
 
Os alemães e escandinavos celebravam em 26 de Dezembro, o nascimento de Freyr, o Deus nórdico do Sol nascente, da chuva e da fertilidade. Nestas celebrações adornavam uma árvore verde, representando a árvore Yggdrasil ou do Universo. Quando o cristianismo chegou ao norte da Europa tomou para si este costume o que fez com que os cristãos se utilizassem da árvore de Natal, enfeitando e adornando o mesmo nesta data festiva.
 


Yggdrasil  by Friedrich Wilhelm Heine
 
 
Algumas culturas acreditavam ainda que o Deus Sol nasceu no dia 21 de Dezembro, o dia mais curto do ano, e que os dias se tornariam mais longos à medida que o Deus Sol fosse ficando mais velho. Em outras culturas, acreditava-se que ele havia morrido naquele dia, para imediatamente renascer dando início a outro ciclo.
 
                                              Deo Solis Invictus
 
No hemisfério Norte as noites se alongam, um manto de neve cobre a natureza adormecida a espera do Solstício do Inverno, que como vimos, lindamente simboliza uma noite histórica, recuada lá naqueles tempos longínquos de 2000 anos atrás, em que os homens de boa vontade - de todos os recantos do planeta e de todas as gerações - foram reconhecidos e valorizados precisamente pela solicitude. Não será por acaso que tudo em volta do Natal nos convida a esta abertura ao próximo, ao amor, à reflexão que nos leva a espalhar o bem.
 


Gentile de Fabriano - Pintor gótico italiano (1370-1427)
 
Inserida nesta época natalina veio – me a curiosidade sobre o olhar histórico e artístico lançado através dos séculos sobre este tema.
A iconografia da Natividade na arte inclui três partes: Os Prelúdios, ou seja, os episódios anteriores ao nascimento de Jesus (a viagem a Belém e o censo), a própria Natividade (trazendo Maria, José, o menino Jesus, pastores e anjos) e a Anunciação aos Pastores assim como a Adoração dos Reis Magos.
 
 
 
ADOLF HÖLZEL - ANBETUNG 1912
 
 
A Natividade inspirou pintores ao longo dos séculos. É certo que a maioria das representações  sobre o tema foram elaboradas  entre os séculos XII e XVI, porém alguns artistas da era moderna, como Gauguin e Chagall deram a sua interpretação.
Reuní para vocês a seguir algumas destas obras, cada qual trazendo o olhar de seu criador sobre o Tema da Natividade, espero que assim como eu possam apreciar esta viagem através dos tempos e da arte. Desejo a todos Boas Festas e um Novo Ano onde nunca falte a luz mágica das estrelas, que inundam a noite de uma beleza sem fim.
 
 
 
 
 
Uma das mais antigas representações da Natividade sobre o sarcófago dos Santos Inocentes, na cripta de Sainte-Marie-Madeleine Basílica de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, no século IV ou quinto século.
 
1.100 D.C
 
 
Basílica St. Denis, Paris
Maria encontra-se descansando com o bebê enrolado ao seu lado. José observa ambos. Anjos os rodeiam. As figuras de Maria, José e Jesus estão cobertas de trajes azuis representando  a celestialidade. Janelas em igrejas medievais foram usadas ​​como auxiliares de ensino pelo clero, já que poucas pessoas sabiam ler a história real na Bíblia por si mesmos.
 
1.100 D.C.
 
 
Placa de marfim em miniatura mostrando Maria deitada em uma cama. A composição é dividida em duas partes, a do sagrado a esquerda, retratando Maria e os anjos; e a do profano, a direita, onde podemos observar José e os animais. Este objeto provavelmente fazia parte de um altar portátil de uma família real ou aristocrática. A maioria das famílias nobres tinham um altar portátil que levavam com eles em viagens.
 
 
1.500 D.C. - Artista: Meister der Palastkapelle, Palermo
 
Neste afresco feito de fragmentos de vidro e pedras coloridas observamos Maria e Jesus no centro da imagem composta. Em torno deles estão anjos cantando, os Três Reis Magos, José atordoado  como que sendo  acordado de um pesado sono, os pastores com presentes para o recém nascido, Maria apresentando Jesus ao templo, embora pareça ainda uma cena de batismo cristão.
 
 
                                                        Giotto - 1305, Capela Scrovegni.
Uma mulher desconhecida entrega Jesus recém-nascido, enrolado para sua mãe, que se encontra em um estrado após o parto. Giotto conseguiu capturar a ternura e admiração de Maria ao examinar seu filho recém-nascido. José está acordando - de acordo com o pensamento medieval, José já com idade avançada não presenciou o nascimento milagroso de Jesus. Anjos se encontram pairando sobre o telhado do galpão onde a cena da Natividade está retratada e são observados pelos pastores. O boi e o jumento parecem ter tido a melhor visão de todo o evento - sendo animais, não possuem nenhum pecado, e assim foram autorizados a testemunhar o que aconteceu no estábulo.
 

 
 

Conrad Soest ou Conrad Von Soest (1370 -1422) foi um mestre e pintor alemão do chamado estilo suave, dentro do Gótico internacional. Sua obra teve grande influência na pintura alemã do século XV.
Nesta obra o telhado do estábulo pode estar em mau estado, mas a roupa de Maria, os lençóis que a envolvem e as roupas de José estão em perfeito estado e são alinhados. Maria com o olhar cheio de ternura parece proteger seu bebê, que está virado para ela, mantendo-o aquecido em seus braços enquanto José faz uma sopa para restaurar a parturiente.
 
 
Jacques Darat - 1433
Retábulo da Virgem.Muséé du Petit Palais (Paris – França).



É um retábulo, feito para exibição pública, e não há nada de  acolhedor  nesta imagem da Sagrada Família. Observamos uma Maria de pele alva e delicada retratando as mulheres da nobreza francesa da época, seu manto azul está todo rebordado com fios de ouro e ela parece estar sentada em uma poltrona de veludo vermelho. Esta cena retrata a venerada Virgem Maria na visão da Igreja Católica medieval.



Zanobi Strozzi - Pintor italiano (1412-1468).
 
No período da antiguidade na história da arte, este tema religioso, dos "Três Reis Magos", também foi amplamente representado pelos mestres da pintura. Principalmente nos períodos desde o final da arte românica, na arte Gótica italiana, no Pré-Renascimento e no Renascimento as pinturas eram produzidas com fins religiosos, encomendadas por chefes das igrejas.
 
Geburt Christi - Petrus Christus, 1452.
 
Petrus Christus (Baarle, 1410 a 1420 - Bruges, 1473) foi um pintor flamengo que trabalhou em Bruges. Talvez os seres mais interessantes nesta pintura são os anjos, pequenos em proporção a Maria e José porém maravilhosamente vestidos e com asas resplandecentes de cor, verdadeiras criaturas celestiais. A obra é cheia de detalhes – Além dos anjos com asas coloridas, observamos arcos e pilares ornamentados, mas o que atrai os olhos é o menino Jesus no chão, apoiado no vestido da mãe.
 
                         Adoração dos Magos - Leonardo da Vinci - 1481.
 
 
O desenho e composição soberbos são inconfundivelmente da Vinci. Leonardo da Vinci foi um erudito, um verdadeiro “Homo Universalis”¹, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o precursor da aviação e da balística.
Nesta obra a pintura pulsa com energia. Há uma sensação de caos mal controlado nas pessoas, animais e paisagem, mas no centro, reunindo tudo em sua volta, plácida e ao mesmo tempo imbuída de força está a figura calma de Maria segurando um rechonchudo e feliz menino Jesus. 
¹ Homo Universalis: (em latim: "homem universal" ou "homem do mundo") termo relacionado e usado para descrever uma pessoa bem educada ou que se sobressai numa variedade de áreas.
 
 
The Mystical Nativity - Sandro Boticelli, c.1500 -1501.
 

Sandro Boticelli (Florença, 1º de Março de 1445 - 17 de maio de 1510) foi um célebre pintor italiano da Escola Florentina do Renascimento.
Botticelli está entre os grandes inovadores do Renascimento, e está incluído entre um grupo de pintores inclinados a um estilo baseado na delicadeza, graça e certo sentimentalismo. Desenvolveu um estilo personalíssimo, caracterizado pela elegância do seu traçado e pela força expressiva de suas linhas.
Esta pintura é a sua única obra assinada, e tem uma iconografia muito incomum para a Natividade. O tema da pintura é uma visão da Natividade de Cristo em estado de adoração com sua mãe, Maria. Acima do teto podemos ver três anjos com roupas brancas, vermelhas e verdes. Eles cantam uma canção, segurando um livro de música em suas mãos. Acima, além de um bosque circundante da caverna, composto por árvores finas e dispostas em um semi-círculo e do céu azul, o céu se abre com ao paraíso em fundo dourado, no qual  um grupo de doze anjos vestidos de branco, preto e vermelho seguram ramos de oliveiras,  dos quais pendem filactérios² nos quais se lê as inscrições "Mãe de Deus", "Noiva de Deus", "Única Rainha do mundo". Podemos observar ainda três coroas douradas. Observamos José, sonolento, como que acordando a esquerda de Jesus e Maria, que está ajoelhada, mãos entrelaçadas em estado de adoração com seu filho Jesus. Na parte de baixo da pintura observamos ainda três grupos idênticos de anjos carregando ramos de oliveira, abraçando três personagens que vestem túnica e capa, coroados com oliveiras. Filactérios pendem  sobre eles onde lemos as inscrições: "Bendito seja o Cordeiro de Deus, que tomou para sí  os pecados do mundo". Em torno deles pequenos demônios fogem aterrorizados, perfurando-se com suas próprias forquilhas e empurrando-se para as profundezas através de rachaduras no chão.
² Filactérios: Faixa de pergaminho, com escritos religiosos, que os judeus enrolam no braço e prendem à fronte, ao fazer as orações.
 
 
                         A Adoração dos Pastores, Correggio, 1528.
 
 
Correggio é como era conhecido o pintor italiano Antônio Allegri Correggio, (cerca de 1489 a 5 de Março de 1534). Foi um pintor da Renascença italiana, contemporâneo de Leonardo e Rafael Sanzio, com obras nos principais museus de todo o mundo. Suspeita-se que Correggio não era um homem profundamente religioso, ou seja, ligado a instituição da Igreja. Esmerava-se em demonstrar em suas pinturas o lado mais agradável da face humana usando a técnica do “chiaroscuro” (claro-escuro), no qual era mestre; ele tornava a luz em sombras e as sombras em luz. Observamos nesta pintura que Correggio confere  a pele de Maria, do menino Jesus, dos Pastores, e até mesmo dos anjos uma suavidade etérea, um brilho de como se estivessem vivos e quentes, com matizes tão perfeitamente fundidos que há uma suavidade até mesmo nas figuras masculinas. A Adoração dos Pastores é baseada no relato do Evangelho de Lucas (Lucas 2:16-20), não tendo sido relatado por nenhum dos outros evangelhos canônicos.
 
 
                                               El Greco - 1603.
Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido artisticamente como El Greco (1541 - 1614), foi um importante pintor, arquiteto e escultor grego, é considerado  um dos principais representantes do Maneirismo (movimento artístico europeu do século XVI).
As célebres figuras alongadas dos quadros de El Greco, objeto de muitas polêmicas, e suas cenas religiosas revelam um pintar de grande espiritualidade e domínio técnico, com uma pincelada solta e livre aprendida em Veneza.
As figuras centrais desta pintura enquanto claramente mortais mesmo assim parecem flutuar, conferindo-lhes eteriedade. El Greco rejeita o tradicional azul para dar cor as vestes de Maria, e a figura de José esta envolvida  por um manto de ouro. Estes não são pais comuns, parece dizer o artista. O bebezinho vulnerável em sua nudez, emana luz. Entre os detalhes que fazem dessa obra uma grande pintura estão a fragilidade aparente do menino Jesus, o olhar plácido da mãe e o chifre do boi em primeiro plano.
 
 
 
Michelangelo Caravaggio, 1609.
 
 
Michelangelo Merisi da Caravaggio (Caravaggio, 29 de Setembro de 1571 – Porto Ercole, 18 de julho de 1610) foi um pintor italiano atuante em Roma, Nápoles, Malta e Sicília, entre 1593 e 1610. É normalmente identificado como um artista Barroco, estilo do qual foi o primeiro grande representante. Conhecido como um artista "tenebrista” (efeito que usou o chiaroscuro de forma extrema), cujo estilo de pintar mesclava fundos negros com focos de luz intensa, ficou famoso, também, por seu gênio tempestuoso. Como tantas obras de Caravaggio, esta também tem um clima único. Maria está desalinhada – diferentemente de todas as outras Marias parturientes, ela despenca para trás em exaustão - na verdade, como qualquer mulher que acaba de dar à luz, enquanto José parece fitar sem piscar a pequena criatura no chão - uma nova vida tão cheia de promessas. Os pastores se juntaram ao redor, conversando entre si. Um anjo paira em cima, segurando a bandeira que proclama "Gloria in Excelsis Deo".
 
 
 Gerard Van Honthorst, 1622.
 
Gerard van Honthorst (4 de Novembro de 1592 – 27 de Abril de 1656) foi um pintor holandês. Ainda jovem conheceu Roma e ali teve muito sucesso pintando em estilo influenciado por Caravaggio. Muitas das pinturas de Gerard Van Honthorst empregam o uso de efeitos de iluminação incomuns, tais como o uso dramático do escuro e da luz nesta pintura. Esta ênfase na luz provém de adesão de Honthorst ao grupo Utrecht Caravaggisti (referem-se aos artistas barrocos, todos nitidamente influenciados pela arte de Caravaggio, que atuavam principalmente na cidade holandesa de Utrecht durante a primeira parte do século XVII). A Honthorst foi dado o apelido italiano “Gherardo delle Notti” (Gerard das noites) pelo seu uso particular de luz e sombra (chiaroscuro) para criar movimento, cenas noturnas ou iluminadas por uma única vela.
Esta representação tradicional, mas surpreendentemente realista da visitação dos pastores nos coloca no estábulo junto com os pastores. Podemos sentir a maravilha e a alegria que estes atônitos camponeses sentem na presença do recém-nascido, o Messias encarnado. Somos levados a observar  uma  radiante luz emanar do filho de Deus recém-nascido, iluminando tudo ao seu redor - um símbolo claro da mensagem que este bebê vai trazer para o mundo. No canto inferior direito um símbolo aparece.
 
 
                      Adoração dos Pastores - George de la Tour - 1644.
 
Georges de La Tour (13 de Março de 1593 – 30 de Janeiro de 1652) foi um pintor Barroco francês. De la Tour é famoso por seu uso da luz em suas pinturas e de retratar com maestria a luz de velas, em particular. Nesta obra usa  sua habilidade pintando a Luz do Mundo. A cena é de tranquilidade, silêncio e reverência. Os Rostos mostram que eles tem consiência da importância do recém-nascido, que por sua vez é retratado todo envolto em tecido, amarrado como ficavam os bebês humanos, demonstrando que La Tour optou por um jeito raro de retratar o menino Jesus.
 
Natividade - Paul Gauguin.
 
 
 
Te Tamari ne (Natividade), Paul Gauguin.
 
Ambas as pinturas de 1986.
 
 
Paul Gauguin (Paris, 7 de Junho de 1848 - Ilhas Marquesas, 8 de Maio de 1903) foi um pintor francês do Pós-Impressionismo. Sua pintura tem forte influência na evolução da arte moderna. Eugène-Henri-Paul Gauguin nasce em Paris. Depois de passar a infância em Lima, no Peru, ingressa na Marinha Mercante em 1865 e viaja pelo mundo.
Aqui, sua versão da Natividade, com a figura do anjo e com uma mulher que repousa na cama após o parto. Apesar da presença do anjo de guarda, esta é uma mulher de verdade, embalando seu bebê e deitada exausta após o nascimento. O fato de que ela é polinésia surpreende o espectador.
 
                            Nativité 1950 Marc Chagall Galerie Art Chrudim.
                Guache, aquarela, giz de cera, pena e tinta nanquim sobre papel.
 
Marc Chagall (7 de Julho 1887 a 28 de Março 1985) foi um  pintor judeu russo naturalizado francês. Um dos mais célebres artistas do século XX ao lado de Pablo Picasso, suas obras não se conectam a nenhuma escola de pintura, porém apresentam traços do Surrealismo e do Neo-Primitivismo. Inspirou-se em suas pinturas nas tradições judaicas dos Shtetl (aldeias judaicas na Europa oriental) e no folclore russo desenvolvendo seu próprio simbolismo em torno da vida do interior.
Nesta obra Chagall reúne a cena da Natividade à Crucificação de Jesus fazendo o espectador lembrar o sofrimento dos judeus durante o holocausto. O boi é figura central lembrando o sacrifício dos inocentes, dos que não tem pecado. A família sagrada paira como que levitando por sobre os telhados do Shtetl, nos lembrando de sua condição etérea e celestial e mesmo assim velando pelo destino dos habitantes da cidade adormecida aos seus pés.
 

 

 

 


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